Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o ciclismo, que já vinha ganhando cada vez mais adeptos, tem se tornado uma opção de exercício físico e meio de locomoção considerado de menor risco. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou no ano passado que, quando for preciso se deslocar, deve-se considerar, sempre que possível, andar de bicicleta ou caminhar. “Essas atividades fornecem distanciamento físico e ao mesmo tempo ajudam a manter o mínimo de atividade física diária”, informou o órgão.
Muitos brasileiros seguiram essa recomendação. Em 2020, o aumento de vendas de bicicletas foi, em média, de 50% em comparação a 2019, segundo levantamento realizado pela Aliança Bike, que ouviu centenas de lojistas, fabricantes e montadores de todo o país ao longo do ano passado e em janeiro de 2021. Em julho, no pico de vendas, esse aumento chegou a 118%.
Praticantes do ciclismo em Goiânia perceberam o movimento relatado pela pesquisa. “Percebi um aumento do valor e uma redução da disponibilidade de modelos no mercado”, afirmou o empresário Carlúcio Rezende, de 48 anos, que pratica o esporte desde 2016, por recomendação médica. “Tive recomendação de fazer atividade física sem esforço para a coluna e andar de bicicleta foi uma opção dada pelo próprio médico”, conta ele, que criou até um grupo de pedal entre os moradores do Residencial Aldeia do Vale, em Goiânia, onde reside há sete anos.
Integrante deste grupo, a enfermeira Joana Darc Santos, de 50 anos, usava a bicicleta apenas para ir e voltar da academia. Porém, com o fechamento do local imposto pelos decretos das autoridades para manter o distanciamento social, ela passou a usar a bike para o esporte e para aliviar o estresse. Participar do grupo de pedal com os colegas de condomínio é mais um estímulo para a enfermeira. “Eu não queria ficar parada, precisava me movimentar e pedalar foi a solução. Às vezes ando de bicicleta pela manhã, mas na maioria dos dias é quando chego do trabalho, à tarde. No dia que não consigo pedalar sinto falta, pois para mim que estou na linha de frente no combate à Covid-19, é uma maneira de desestressar. Eu relaxo e durmo bem”, salienta ela, que mora no Aldeia do Vale há 12 anos.
Ar livre
O professor universitário Rodrigo Barbosa Campos, de 48 anos, é outro praticante do ciclismo que mora no mesmo condomínio. Ele trocou a academia pelo pedal ao ar livre e se alegra com os benefícios, que considera terapêuticos. “Entre ir para academia e pedalar, eu prefiro pedalar, pois tenho resultados melhores para o corpo e ainda fico em contato com ar puro. Quando andamos de bicicleta a cabeça fica mais leve, é um estado de espírito de paz, trás uma leveza e acaba sendo uma terapia”, afirma ele, que costuma pedalar 20km a 30km diariamente. O professor estimulou até o pai, de 79 anos, que também mora no Aldeia do Vale, a voltar a praticar o esporte. “Meu pai pedala de duas a três vezes por semana. Para a idade dele, acredito que é um exemplo”.
Rodrigo conta que sempre praticou atividades físicas, inclusive andando de bicicleta e até fazendo trilhas, mas que estava parado e voltou a pedalar há cerca de sete meses. Ele salienta que poder praticar o esporte dentro do condomínio horizontal é um estímulo, pois além de proporcionar o contato com a natureza confere mais segurança. “Por ser professor, meus horários são flexíveis e tem dias que vou andar de bicicleta durante a noite, após às 22h, e em outro lugar eu não poderia fazer isso com tranquilidade, aqui é seguro”, ressalta.