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Professor da UFG faz ameaças em rede social

Em qualquer lugar do mundo civilizado o ambiente acadêmico é ideal para o debate de ideias e posições políticas. O confronto entre ideias diferentes fortalece o espírito crítico e gera um ambiente propício para o surgimento de novas correntes de pensamento. A universidade também é o lugar de crescimento e amadurecimento intelectual para muitos jovens, que passam a se confrontar com opiniões divergentes, dando conta da complexidade do mundo. Norberto Bobbio, o grande pensador italiano, dizia que o espírito universitário deveria ser avesso a todas as simplificações, dogmatismos e sectarismos.

Mas nos dias que correm, não é isto que temos visto na nossa principal universidade em Goiás, a Universidade Federal de Goiás. Basta vermos a postagem abaixo, posta no Facebook pelo professor Adriano Correia, membro efetivo do corpo docente da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás. A postagem é uma pérola de irresponsabilidade. Nela, o professor Adriano ameaça indistintamente a quem chama de “fascista light” nos seguintes termos: “tema pelo seu carro, pela fachada da sua casa, e me exclua antes que eu dê um soco na sua cara.”

No contexto das postagens do professor Adriano entendemos que “fascista light” é simplesmente qualquer pessoa que defenda o impeachment da presidente Dilma.

Entre tantas postagens de ódio das redes sociais esta seria somente mais uma, não tivesse advinda de um professor de uma universidade. Em tempo: não acreditamos que o professor em questão, servidor público federal, vá realmente cometer os desatinos que ameaça. Mas o professor é régua de conduta para seus alunos. Os mesmos certamente o veem como espelho de onde querem chegar. Sua postura, tanto quanto o conteúdo de suas aulas, é objeto de admiração e imitação. Certamente, o professor não arriscará sua posição e prestígio na universidade agredindo seus colegas nos corredores da universidade. Mas algum dos seus alunos certamente poderá se sentir motivado a seguir os conselhos do mestre docente.

Acreditamos ainda que a postagem em questão fere a imagem e a honra da Universidade Federal de Goiás. Deveria ser motivo de sindicância administrativa e, na sequência, processo administrativo disciplinar. Uma apuração rigorosa deveria apurar ainda se esta tem sido a tônica das aulas do referido professor, se nas mesmas ocorre tamanho convite à violência. Como tudo na vida, a liberdade de cátedra e de manifestação de pensamento possui limites. Uma apuração como esta é o que aconteceria numa universidade séria. Uma universidade que não tomar providências com relação a fatos como esse não merece as verbas que recebe, oriundas do sacrifício do povo brasileiro, por via dos seus impostos.

Finalmente, ficamos espantados em saber que o professor em questão é especialista em Arendt. Pois somente numa universidade livre de ameaças e violências, uma pensadora como Hannah Arendt poderia apresentar ideias tão controvertidas como a que expôs em seu livro “Eichmann em Jerusalém”. Entre outras coisas, Arendt foi acusada de “perdoar” o nazista Eichmann com o propósito de tentar compreendê-lo. Imagino que, caso discordasse da tese controvertida de Arendt, talvez ocorresse ao professor Adriano Correia a ideia de esmurrar a filósofa judia-alemã nos corredores da universidade.

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