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Pretérita e imperfeita traz a poesia da vivência e da observação do feminino

O tempo do verbo é feminino no livro de estreia da poeta Yani Rebouças. “Pretérita e imperfeita” reflete experiências vividas e percepções da caminhada da mulher ancestral e da mulher do nosso tempo, na construção do porvir. Publicado pela NegaLilu Editora, por meio do Selo Pantheon, o lançamento está programado para o dia 29 de maio (sábado), às 19 horas, nos canais Nega Lilu (Facebook e Youtube), quando a autora recebe as poetas Tânia Rezende, Tarsila Couto de Brito e Thaise Monteiro como convidadas.

Os 46 poemas que compõem “Pretérita e imperfeita” foram escritos e reescritos ao longo de muitos anos. O desejo de publicação rompeu barreiras e derramou no final de 2020, quando a autora havia feito um apanhado de sua produção poética que “traz uma voz marcadamente feminina, observando a existência como um todo, a minha e a de outras mulheres, com a humildade de perceber o lugar da imperfeição”.

Yani Rebouças nasceu em Goiânia, com família baiana. Perfil inquieto, movimentação rápida, provocativa de questões. É graduada em Direito (PUC-GO) e em Letras pela UFG, atua como professora de Literatura, tendo passado por várias escolas da capital. Concluiu mestrado em 2012, pela UEG, e agora é acadêmica de Psicologia. Em 2016, integrou a Comissão da Diversidade sexual da OAB/GO, desenvolvendo ações pelos direitos das pessoas trans e contra a discriminação de gênero e/ou de sexualidade.

Para a autora, “Pretérita e imperfeita” é um livro que traz uma voz que quer dizer, se colocar e encontrar correspondência em outras vozes femininas, sejam elas de corpos de mulheres ou de homens.

É manifestação de uma eu lírica embargada, mas firme na construção de outras mulheres, começando por suas próprias filhas, é um convite a uma reflexão e um desejo de que essas vozes, acostumadas à mudez, se rebelem e se espalhem como força coletiva”, completa.

“Pretérita e imperfeita” está organizado em quatro seções: do verbo ser (terceira pessoa), do verbo ser (primeira pessoa), do verbo lembrar (de muitas pessoas) e do verbo poetar (a própria pessoa). Assim, a poesia de Yani estrutura narrativas interseccionadas, a partir do outro e a partir de si, para descortinar um plano aberto e em construção.

Concebido pela editora Larissa Mundim com design gráfico de Bia Menezes, o livro enquanto objeto sugere trânsitos. “Não é uma coisa só”, diz a editora. É delicado e forte, passado e presente, bruto e elegante. E completa: “Para a capa, pensei em criar um elemento destoante, afirmando que supostas imperfeições podem ser justamente o que se tem de mais especial”, referindo-se ao bordado que, atravessando o papel telado marfim, sugere ainda que o vermelho do verso transbordou ficando exposto diante dos olhos de leitoras e leitoras. A equipe editorial também conta com a participação da escritora Paulliny Tort, que assina a revisão do livro.

A autora convidou a professora da UFG e líder do grupo Obiah, Tânia Rezende, para compartilhar percepções sobre a obra com leitoras e leitores. “Este livro não é para amadoras nem para iniciantes”, diz ela no prefácio. Os livros publicados pelo Selo Pantheon − dedicado a mulheres poetas − trazem sempre a Biografia com ficção das autoras. Em “Pretérita em imperfeita”, a trajetória de Yani Rebouças vem a público pelo olhar da médica Manuella Rodrigues de Almeida Lima: “As mulheres pretéritas e imperfeitas, que povoam a sua vida, marcam sua subjetividade e influenciam seu interesse sincrético pelo mundo intelectual e pelo universo místico, alinhavando sua escrita”.

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